Quatro meses.

Esta madrugada hás-de completar quatro meses de vida. Já to disse: não me canso de reviver esse dia. Agora com saudades, nostalgia, mesmo. Foi tão bonito. O que eu não dava para voltar ao 14 de Janeiro de 2014 e registar todos aqueles pormenores que escaparam porque era de madrugada, porque estava exausta, porque apesar da magia não é totalmente possível ignorar algumas dores e algum cansaço.

Tenho saudades tuas ainda na minha barriga. E da companhia que éramos uma para a outra a todo o instante. Foram tão boas essas 39 semanas e 5 dias de exclusividade.

Quatro meses depois não sei onde ficou a bebé que mamava e imediatamente adormecia no meu peito. Cada manhã te encontro maior e mais bonita. Já se definem em ti muitos traços de uma personalidade que consigo adivinhar malandra, travessa, curiosa.

Continuas um bom feitio nunca antes visto. Poucas, quase nenhumas, muito esporádicas birras. Todas ao domingo, aquele dia comprido, de muitas visitas e muitos colos de que, às vezes, também te cansas.

Não és tão comilona como seria desejável para me tranquilizar e não andar sempre preocupada com o teu peso. Já consigo relaxar mais, deixar-te mamar o que bem entendes e não insistir tanto contigo. És de pouco sustento, minha rica filha. Não sei a quem sais nesse aspecto.

Bom, continuas a acordar de sorriso rasgado quando estou lá. Por outro lado, já não achas assim tanta piada a acordar sozinha das pequenas sestas que vais fazendo ao longo do dia.

Há uns dias chegou-te a tua primeira constipação. Não chegaste a ter febre, mas andaste muito ranhosa e de olhos rasos de água – ainda assim mantiveste a tua boa disposição. És um amor.

Sabes, começo a sofrer por antecipação com o aproximar do final da licença de maternidade. É inevitável regressar ao trabalho e tu vais ter que conhecer o infantário depois das férias da avó. Começo a pensar que te vou entregar num sítio logo de manhã para só te ir buscar ao fim do dia. Atendendo a que a tua noite de sono começa por volta das nove da noite para só terminar na manhã seguinte, parecem-me muito poucas horas para as nossas brincadeiras e palhaçadas. Vou morrer de saudades das nossas conversas, das tuas risadas já tão sinceras, cheias de não sei bem o quê que me enche o coração.

Não te sei dizer o tamanho deste amor que desta maneira leva já quatro meses e todos os dias é maior e maior e mais capaz de levar tudo para a frente.

És a minha Aurora, com tudo o que isso significa.

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Dia(s) da Mãe

Não tendo sido o meu primeiro dia de mãe, ontem foi o nosso primeiro primeiro domingo de Maio juntas.

Dia da Mãe como mandam celebrar os calendários das datas comemorativas de qualquer coisa.

Tu és o presente mais doce e a razão de este ano o Dia da Mãe já não ser só da tua avó e da tua bisavó mas muito – e mais do que de todos – meu.

Sabe que foi melhor do que aniversário. O pai surpreendeu na véspera. Eu andei com o coração contente. E agradeci com todas as forças e todas as vontades este privilégio de ser tua Mãe, de me teres sido concedida, riqueza maior.

Não me canso de te gabar a perfeição da doçura e o feitio. Às vezes duvido até que mereça filha tão encantadora e tranquila.

Sou uma privilegiada.

Só faltou o pai que, felizmente, conseguimos ir tendo em todos os outros dias da mãe que não vêm no calendário.

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More than words #2

Faz hoje um ano que eu descobri que já não estava sozinha, que nunca mais ficaria sozinha. Lembro-me desse dia de que já te falei com uma alegria imensa e uma nostalgia maior ainda. Todos os dias são novos e demasiado bons. Mas aquele dia… Ah, aquele dia de há um ano foi diferente. Como foram tantos outros que se lhe seguiram e que culminaram no dia 14 de Janeiro. Sei que essas alegrias não mais se repetirão daquela maneira: o medo, a novidade, o espanto, a alegria mais pura e mais honesta e mais sublime. Foste a primeira em tudo. Vai ser para sempre assim.