My way back home.

My way back home.

Amor como em Casa

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina

in “Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde”

It shall pass.

There’s not a single spark
To ignite all the fireworks that could light up this dark
And when the movie ends, who knows how it began?

Before we say goodbye
Please find the right tone and then go ahead and try
I see clouds taking form, I’m watching the storm from a far

And it’s alright to give in,
I know that most of this will pass
Still all that comes with you will stay,
Like it was built to last
But it shall pass
It shall pass

We won’t get to the part
Where we die and we ‘re born and we die back to the start
We’ll skip those silly words, escape the angry mob

Well before all is gone
I’ll take in this moment, I’ll cherish this thought
A ray of sunlight is burning everything in sight,
burning black and white

And it’s alright to give in,
I know that most of this will pass
Still all that comes with you will stay,
Like it was built to last
But it shall pass
It shall pass

“People are just as happy as they make up their minds to be.” #2

É possível ser feliz em 2013?

Ponto prévio antes de o leitor se debruçar sobre as linhas que se seguem: terminei o artigo anterior prometendo que neste seguiria o mesmo tema. Por erro de cálculo, escapou-me que este era o último artigo antes da quadra de Natal e ano novo. Há algo sobre isto que gostava de partilhar consigo. Por isso, e perdoem-me, voltarei ao emprego no próximo texto. O assunto nesta prosa é outro: a felicidade.

Talvez o tempo (de transformação) e o lugar (Portugal) sejam estranhos para se falar de felicidade. Talvez seja precisamente por ser estranho que é tão importante falar dela. Pela simples razão de que a felicidade é um poderoso motor de transformação social e individual.

Objectivo tão antigo quanto a natureza humana, a felicidade entrou no discurso político através de um dos mais extraordinários textos da modernidade: a Declaração da Independência Americana. Pela mão de Thomas Jefferson, ficamos a saber com desarmante simplicidade que há direitos de todos os tempos, que não são abalados nem perante a conjuntura nem perante as formas de governo: são eles, “a vida, a liberdade e a busca da felicidade”. É nesse texto que encontramos a centralidade oferecida à felicidade que, por ser um direito radicalmente natural e radicalmente individual, galga o plano pessoal e ganha materialização no plano político-constitucional.

Isto, contudo, não faz da felicidade um lugar ou uma condição. Porque a felicidade é intrinsecamente um estado de alma, não se racionaliza. Por isso mesmo, podemos dizer com algum grau de certeza que é impossível balizar a felicidade: para alguns será um bom emprego, uma boa casa e um automóvel de alta cilindrada. Para outros, a felicidade está nas memórias de vitórias em torneios de hóquei na escola, nas namoradas(os), nas saídas com os amigos, nas reuniões de família ou nas férias de Verão. Para outros, está em qualquer no meio disto – ou para além disto.

Mas o meu ponto é menos o que é a felicidade e mais qual pode ser a medida da nossa felicidade nos tempos que vivemos. Repare-se: 2012 foi um ano duro de mais e longo de mais, fomos levados a situações que testaram os limites da nossa resistência e da nossa razão. Ainda assim, fomos capazes de dobrar tormentas, de vencer obstáculos. Juntos fomos capazes de resistir onde muitos previam a desistência, de vencer onde muitos vaticinavam a derrota. Pela frente, em 2013, temos um caminho difícil, que não está livre de adversidades. Isto não significa, contudo, que tenhamos justificação para abandonar os pressupostos da esperança. Ou que possamos apenas encarar a Felicidade como uma felicidade por aquisição, materialista. Aplicando os princípios da ciência económica, muitos dos elementos da sociedade, e o próprio Estado em primeiríssimo lugar, foram tendo custos inversamente proporcionais às utilidades marginais decorrentes dos fenómenos de aquisição em que, erradamente, assentaram os pressupostos dessa “busca da felicidade”.

Vivemos um tempo diferente. Somos mais pobres, é um facto – e seremos mais pobres durante um tempo que muitos pressupõem longo. Mas isto não é uma fatalidade nem representa a morte da felicidade em si mesma; nem nos impede de continuar a busca por este sentimento que dá ânimo e vida aos homens de sempre.

Todos temos de reaprender a ser felizes. A começar pelo Estado: precisamos de um Estado menos soberano e despótico na aleatoriedade das suas decisões; precisamos de um Estado que cumpra a sua palavra, que seja “pessoa de bem”; precisamos de um Estado que vire a sua agenda política para as pessoas. Falo de um Estado menos viciado no hardware e mais focado no software; falo do Estado próximo do cidadão, personalista, que olha para cada cidadão como uma pessoa e não como um número. Aos cidadãos cabe também um papel fulcral: saber procurar a felicidade nas coisas mais simples da vida.

Há um provérbio chinês que descreve de forma sublime o que é a felicidade: é ter alguém para amar, alguma coisa para fazer e algo em que acreditar. Que este Natal nos ofereça a capacidade de ultrapassar as nossas divergências e nos dê a oportunidade de encontrar a medida da nossa felicidade. Afinal é muito possível que praticamente todos tenhamos alguém para amar, algo para fazer e algo em que acreditar.

Daqui: http://www.ionline.pt/opiniao/possivel-ser-feliz-2013

Happiness

“People are just as happy as they make up their minds to be.” #1

“People are just as happy as they make up their minds to be.” #1

Esta fotografia inaugura a rubrica das coisas simples que me bastam e me aquecem o coração.
Este ano, não estando já a viver naquela que há-de ser para sempre a minha casa, a minha mãe tinha-me pedido para fazer a árvore – “…eras sempre tu que a fazias!” – e eu, que não pude responder com brevidade a tão honroso pedido, fui destituída (espero que não definitivamente) do cargo de enfeitadeira-mor-da-árvore. Assim, hoje cheguei lá a casa e a dita cuja estava montada, enfeitada e devidamente iluminada. E isso bastou-me para sorrir por dentro. Outro ano. Nada me deixa mais feliz por, a nove dias do Natal, estarmos todos cá. Esta árvore promete mais uma consoada linda. Estamos todos, estamos juntos, estamos, salvo escassos achaques, bem. E isso basta-me. E não há presente maior. Como eu queria que isto não tivesse fim.